MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

terça-feira, 18 de maio de 2010

O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS


Fábia Lima de Brito Damia
Assessora Jurídica na Procuradoria Regional da República da 3ª Região,
Especialista em Direito Processual Civil, Pós-graduanda em Direitos Humanos pela
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

http://www.oab.org.br/oabeditora/users/revista/1211291019174218181901.pdf

Diante do exposto, conclui-se que:
i) O direito de greve é um direito fundamental, de cunho social;
ii) Esse direito é garantido constitucionalmente a todos os trabalhadores, sejam
empregados (CF/88, art. 9o), sejam servidores públicos (CF/88, art. 37, inciso VII);
iii) A Lei 7.783/89 regulamentou o art. 9o da CF, ao passo que o Decreto 1.480/95
desbordou de sua legitimidade ao limitar o exercício do direito de greve previsto
no art. 37, inciso VII, o qual não foi objeto de lei específica até os dias de hoje;
iv) A quase vintenária omissão legislativa referente ao direito de greve do servidor
público não pode violar o pleno exercício desse direito fundamental, motivo pelo
qual, tal lacuna deve ser preenchida pela Lei 7.783/89, até que sobrevenha a lei
específica a que se refere o art. 37, inciso VII;
v) A aplicação da Lei 7.783/89 não macula o princípio da continuidade do serviço
público;
vi) O exercício do direito de greve pelo servidor público que atender às disposições contidas na Lei 7.783/89, sem abusos, não autoriza que as faltas ao serviço público, por motivo de paralisação decorrente de movimento grevista, sejam descontadas dos vencimentos dos servidores grevistas.

O SERVIDOR PÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO PODE SER EXONERADO?
NÃO. De maneira alguma. Quem decidiu é a Corte Suprema, o STF:
"A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o cargo de servidor público que, durante o estágio probatório, aderiu a movimento de greve e faltou ao trabalho por mais de 30 dias. A tese vencedora foi a de que a falta por motivo de greve não pode gerar demissão. "A inassiduidade decorrente de greve não legitima o ato demissório", disse o ministro Carlos Ayres Britto. Para ele, a inassiduidade que justifica a demissão "obedece a uma outra inspiração: é o servidor que não gosta de trabalhar".
Na mesma linha, o ministro Marco Aurélio disse entender que, no caso, não há "o elemento subjetivo que é a vontade consciente de não comparecer por não comparecer ao trabalho". A ministra Cármen Lúcia também votou com a maioria. "O estágio probatório para mim, por si só, não é fundamento para essa exoneração", disse ela.
O SERVIDOR PÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO PODE SOFRER REPRESÁLIAS?
NÃO. Ideia absurda essa. O exercício de greve é constitucional. O servidor em estágio probatório tem os mesmos direitos do servidor estável. Qualquer referência ao exercício de greve na Avaliação de Desempenho é ilegal. Se ocorrer qualquer alteração no tratamento da chefia com o servidor, isso terá outro nome: assédio moral.
O PONTO PODE SER CORTADO?
SOMENTE COM DECISÃO DA JUSTIÇA. A legislação federal não permite nenhum corte de ponto. Somente após a decisão da justiça que considerar a greve como ilegal. Se isso ocorrer, a justiça ordena que os servidores voltem a trabalhar. Se os servidores não voltarem a trabalhar, aí sim acontece o corte de ponto.
Se você, servidor, preocupa-se com o corte de ponto, então não há problema nenhum em aderir à greve: caso ela seja considerada ilegal, o juiz ordenará a volta ao trabalho em tantas horas. Você só precisa voltar a trabalhar. Porém, a greve já foi considerada legal pela justiça.

No Tribuna de hoje! 18/05/2010

Les Partisans

Greve I
Longe de os Partisans se meterem na vida do prefeito Paulo Mustrangi, mas classificar a greve dos professores municipais de “covarde” não resolve muita coisa, ainda que o movimento seja ilegal.

Greve II
Como sindicalista, o ex-bancário Paulo Mustrangi deve saber que os movimentos grevistas a-do-ram declarações do tipo, principalmente porque os transformam em vítimas e angariam a simpatia da população...

Greve III
Mas, os Partisans acreditam que o prefeito, cercado de sindicalistas, deve saber bem dessas coisas. Deve saber, inclusive, que convocar uma entrevista coletiva praticamente no mesmo horário em que rolava uma reunião entre grevistas e a secretária de Educação, não ia colar com a imprensa...

Greve IV
Partisans também não puderam deixar de notar que o movimento grevista dos professores deu um up de quinta para sexta-feira. No primeiro dia de greve o carro de som era uma Brasília já meio ferrada. Na sexta, o carro era uma pick-up da Claudio’s Som.
 
Greve V
Partisans também não puderam deixar de notar que nas manifestações dos professores o que tem de 40 não tá no gibi.

Agora é geral!
Vai gostar de uma greve assim lá longe. A habilidade do PT é tanta que a greve dos professores pode se transformar em uma greve geral dos servidores. Se é legal ou não, é outra história. O fato é que uma mobilização do funcionalismo está marcada para hoje, às 18h, em frente à Câmara.

Professores anunciam que vão manter a greve

Mais de mil pessoas acompanharam a assembleia ontem à tarde e decidiram pela manutenção da greve, apesar das ameaças do prefeito de corte do ponto. / ROQUE NAVARRO




Mais de mil pessoas acompanharam a assembleia ontem à tarde e decidiram pela manutenção da greve, apesar das ameaças do prefeito de corte do ponto. / ROQUE NAVARRO


MARIANNY MESQUITA
Redação Tribuna

Os professores decidiram manter a greve iniciada na última quinta-feira, até que o prefeito Paulo Mustrangi negocie com a categoria, apesar da recomendação do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe/RJ) pelo término da paralisação dos servidores municipais da Educação. Cerca de mil pessoas acompanharam a assembleia realizada às 14h de ontem, na Praça da Inconfidência, onde foi mantida a decisão pelo voto da maioria, que, inflamada, terminou o ato com passeata pela Rua do Imperador até a Câmara Municipal. No fim da tarde, o movimento conseguiu mais uma vitória: a juíza da 4ª Vara Cível, Christianne Maria Ferrari Diniz, indeferiu do município para que a greve fosse declarada ilegal.
A primeira a discursar durante a assembleia de ontem, a coordenadora do Sepe Petrópolis, Patrícia Mafra, sugeriu o fim da paralisação até a próxima segunda-feira, dia 24. “Já conseguimos nestes dias de greve um momento histórico do trabalhador da cidade, que não quer mais se submeter às vontades do prefeito. A manifestação foi vitoriosa e já ganhou apoio dos servidores de outras áreas que estão na mesma posição que nós, mas vou fazer uma defesa bastante difícil, que é pelo fim da greve, já que o único argumento do governo é que não negocia com grevistas. Vamos voltar às salas de aula para conscientizar os alunos do que estamos fazendo e dar um ultimato para que o prefeito apresente proposta até o dia 24, se não voltaremos à greve”, discursou a coordenadora do Sepe Petrópolis.
Apesar da manifestação de apoio ao Sepe por um grupo pequeno de professoras, a maioria dos grevistas não concordou com a medida apresentada pela entidade. Com o informativo das promessas de campanha do atual prefeito, que destacava entre outras coisas a discussão do Plano de Cargos e Salários do Magistério, a professora Beatriz Ramos foi uma das defensoras da greve. “Para se eleger, o Mustrangi usou as nossas dificuldades como meta de campanha. Não houve diálogo. Nenhuma greve acaba sem acordo”, afirmou a professora.
De acordo com alguns professores, há receio que o movimento perca força por conta de ameaças de descontar os dias sem trabalhar, feitas pela Secretaria de Educação. “Foi enviado um e-mail aos diretores das escolas, pela secretária de Educação, Sandra La Cava, com orientação para que relatórios com os nomes e números de matrícula de quem esteve presente ou faltou. Estamos sofrendo represália, por isso, a partir de amanhã, serão feitos piquetes na porta dos colégios para orientar profissionais, pais e alunos sobre a legalidade da greve”, falou a diretora de uma escola municipal no Centro, que preferiu não se identificar.
A Secretária de Educação anunciou que lamenta a greve da categoria, posto que a Prefeitura desde o último dia 13 de maio se colocou à disposição para negociação e o diálogo com a comissão dos integrantes da educação, tendo sugerido, inclusive, mais duas reuniões com a categoria (dias 17 e 20 de maio) para discussão conjunta da pauta de reivindicações, desde que a paralisação fosse interrompida.
Apesar da condição imposta pelo governo de negociar apenas após o fim da greve, mais servidores de outras áreas, com destaque para os profissionais da Saúde, juntaram-se à causa. Hoje, será feita uma assembleia geral, em frente à Câmara Municipal, às 18h, a qual estão sendo chamados servidores de todos os setores, com objetivo de unificar todos os segmentos do funcionalismo.


Esta é, na íntegra, a decisão da juíza Christiane Ferrari:
“Após o indeferimento da antecipação pretendida, renovou o ípio de Petrópolis pleito, ainda sob o argumento dos graves prejuízos à população, notadamente à de menor renda, carecedora da escola até mesmo para a alimentação de suas crianças. Aduziu haver manifestação pela manutenção da greve, fechadas cerca de 80% das escolas, percentual que, com a continuidade do movimento, pode chegar a 100%, trazendo caos ao serviço de educação. Os fatos noticiados, todavia, não são suficientes a qualquer modificação do entendimento já manifestado. Renove-se a afirmação de que o exercício do direito de greve é assegurado constitucionalmente, e a limitação pretendida importa, em última análise, em sua negativa, o que não se afigura admissível na vigência de um Estado Democrático de Direito. Mantém-se, pois, a decisão”.


Sepe promove ato para explicar as razões para a paralisação geral

Durante a manhã de ontem, foi feita uma aula pública de cidadania na Praça dos Expedicionários, no Centro. O Sepe esclareceu dúvidas sobre o envio dos documentos à Secretaria de Educação e ao prefeito expondo as exigências da categoria e informando da assembleia do último dia 13. “Este ato teve o objetivo de explicar para os servidores e população por que estamos tomando estas medidas. O prefeito tem nos acusado de não saber das nossas reivindicações, para desmobilizar o movimento. Queremos esclarecer que isto é mentira, é um argumento frágil para confundir e amedrontar”, contou a coordenadora do Sepe Petrópolis, Patrícia Mafra.
Com medo de ter as horas descontadas, alguns funcionários já voltaram às atividades. “Não podemos enfraquecer o movimento e sim unir forças. É doído estar em greve, porque comprova o quanto somos desrespeitados profissionais, mas, se o patrão não atende as nossas necessidades, é o único jeito. Como a situação da educação é semelhante à de todo o funcionalismo municipal, pretendemos nos unir para fortalecer a causa e, se for preciso, a Saúde também entrará em greve”, disse a agente de Saúde Ester Mendonça

http://www.e-tribuna.com.br/ 18/05/2010