MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre as Crianças e Segurança Alimentar

                 O prefeito, Paulo Mustrangi, divulga pela imprensa que está muito preocupado com a alimentação das crianças petropolitanas.  Afinal, argumenta ele, com as escolas fechadas, muitas delas deixam de se alimentar adequadamente.  Até aqui, concordamos com o prefeito: de fato, muitas crianças dependem da merenda para ter uma alimentação saudável.
                Mas, afirmar que os educadores devem suspender a paralisação por causa disso é ignorar a função social da escola.  Os estabelecimentos de ensino não podem ser tratados como depósito de criança, muito menos como restaurantes.  Tem por obrigação, antes, zelar por sua função educadora.  No entanto, a realidade da escola pública brasileira é muito triste, e Petrópolis não é exceção.  Não há condições físicas, financeiras ou de recursos humanos adequados para que a atribuição primária da escola - que é educar - ocorra com qualidade equivalente à taxa de impostos que pagamos.
                Além disso, parece que a Educação é o setor preferido pelos gestores desonestos para desviar verbas públicas. Um estudo desenvolvido por economistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Universidade de Berckley e do Banco Mundial, e publicado pelo jornal Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091012/not_imp449404,0.php) aponta que o desempenho de estudantes de municípios onde há desvio ou má gestão de verbas é, em média, 15 pontos menor.  O desvio e a má gestão dos recursos repassados para as escolas públicas brasileiras têm gerado efeitos colaterais danosos para alunos e professores, além de prejudicar diretamente o potencial de crescimento econômico do País.
                A escola pública participa do Programa Nacional de Segurança Alimentar, com verbas federais destinadas especificamente para esse fim.  Contudo, ela não é a única expressão desse programa.  Juntamente com a merenda, outras políticas públicas buscam garantir que cada brasileiro tenha diariamente alimentação suficiente – entre elas, o Bolsa Família e os Restaurantes Populares.
                Fica aqui nossa proposta ao Prefeito:  se ele está, realmente, preocupado com a fome das crianças da rede municipal, que tal dar gratuidade a elas no Restaurante Popular da cidade.  Basta condicionar a gratuidade a apresentação das cadernetas escolares.  O prefeito preocupado certamente atenderá nossa indicação.

Abraços da “Liga”

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