Caras colegas de trabalho,
Hoje vivemos tempos difíceis nos estabelecimentos públicos de ensino. E, vocês sabem, tanto quanto nós, que as coisas já não andavam bem há muito tempo. Nós sabemos que a qualidade da educação de nosso município, somente se sustentou pelos nossos esforços dentro das instituições de ensino.
Todos nós – serventes, merendeiras, professores, inspetores, coordenadoras, secretárias e vocês diretoras – sacrificamos nossos tempos livres, que deveria ser destinado à família, amigos, instrução e repouso, para realizarmos tarefas relevantes no espaço escolar. Muitas, foram as vezes, que nos reunimos nas escolas fora do nosso horário de trabalho, inclusive alguns sábados, para compor equipes necessárias à realizar tarefas complementares ao processo educativo das crianças (tais como feiras, festas, reuniões ou conselhos). E tudo isso sem cobrar hora-extra.
Estamos cientes que ontem (15/6) durante reunião, a Secretária Sandra cobrou de vocês posturas mais duras contra os funcionários paralisados. Algumas colegas falaram que houve tentativa de coação (pois a secretária fez ameaças aos cargos de confiança). Saibam que estamos solidários com vocês. Nesse momento de dificuldade nossa única arma é a união. Nota-se o desequilíbrio da secretária, que se esconde atrás de um discurso administrativo, para escamotear sua face opressora. O que a secretária entende como gestão eficiente e divulgação de informação é, na verdade, controle e ameaça. (Leia sobre Assédio Moral)
Temos certeza que as relações humanas que se construíram ao longo de anos de relacionamentos diários nas escolas, não se abalarão por recomendações desesperadas de uma secretária com medo de perder o emprego. Pois, ela sabe que emprego dela, é temporário. Diferentemente, não importa o prefeito ou a secretária de educação, nós somos funcionários de carreira e estaremos reunidos, diariamente, nas escolas e creches por vários anos.
Não é preciso esclarecer que defendemos todas as medidas que buscam melhorar as condições de trabalho e facilitar os procedimentos administrativos. Mas, está óbvio, que as sugestões da secretária não têm esses objetivos.
Por conta dessas dificuldades que vivenciamos, devemos fortalecer nossa união nas escolas e creches. Podemos nos apoiar mutuamente e resistir às pressões externas que, claramente, buscam enfraquecer nossa confiança uns nos outros. Confiança, sentimento fundamental para um trabalho em equipe satisfatório.
É possível imaginar uma escola em que os funcionários não queiram conviver? Como seriam realizadas as atividades extracurriculares se os servidores só se prestassem a isso no horário normal de trabalho?
Paulo Freire já nos ensinou que “Escola é lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora , é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.”
Nossos sinceros votos de paz e serenidade, para que vocês possam tomar as decisões mais justas para o bem de todos.
Liga dos Educadores Petropolitanos