MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

domingo, 13 de junho de 2010

13 de Junho de 2010 – 30 dias de manifestações




A “Liga” compreende esse período como um momento histórico.  Deste a época escravocrata, não ocorria tamanha insurgência na “Cidade Imperial”.
Depois de décadas de subserviência aos gestores incompetentes, os servidores públicos resolveram se mobilizar e cobrar uma efetiva gestão democrática.
As políticas públicas elaboradas em gabinetes lacrados, muitas vezes, não são exequíveis na realidade deteriorada das instalações públicas.  Por isso, a participação do funcionalismo nas decisões administrativas não pode ser desprezada.
Queremos uma gestão municipal republicana. Que seja capaz de atender a todos os cidadãos petropolitanos e não apenas as velhas oligarquias - descendentes morais da antiga “nobreza” - que dominaram a “Cidade de Pedro” há tempos.
Hoje a “plebe” busca ocupar os espaços de decisões das políticas públicas, ocupando as ruas; quer ser vista; quer ser ouvida.  E, não vai se calar até conquistar seu espaço.
As manifestações dos servidores públicos - fiquem sabendo – é, somente, a ponta do iceberg de uma população indignada.  Tal qual vulcão, que sinaliza a erupção com barulho e fumaça, a cidade dá sinais inequívocos de que abalos futuros e profundos estão por vir.

30 dias depois do início da paralisação dos professores, podemos apresentar o seguinte resumo:

13 de maio -  os servidores da educação, após inúmeras tentativas frustradas de serem recebidos pelo Governo Municipal para negociar reivindicações da categoria, declaram greve.  As principais reivindicações são por reajuste salarial de 20%, incorporação dos abonos, Plano de Cargos, Carreira e Salários e melhoria nas condições de trabalho. O Prefeito, Paulo Mustrangi (PT), via gabinete, anuncia que irá recebê-los no dia seguinte.
14 de maio – O Prefeito, Paulo Mustrangi (PT), notoriamente reconhecido por sua atuação sindical, declara não negociar com grevistas, e não atende os representantes dos servidores.  Além disso, condiciona as negociações ao fim da greve.  O Governo Municipal questiona, na Justiça, a legalidade da greve.
17 de maio – A Juíza Christianne Maria Ferrari Diniz, da 4a Vara Cível, negou o pedido de ilegalidade, julgando, portanto, a greve legal.  Em audiência pública, os vereadores aprovam a CPMI da "Merenda" para investigar possíveis irregularidades.
18 de maio – Os servidores da saúde de Petrópolis, em assembléia, juntamente com os educadores, resolve por estado de greve. O prefeito divulga na imprensa que o governo anterior desviou 25 milhões do Fundeb.
19 de maio – Ato público, em frente a Câmara de Vereadores, reúne 3000 (três mil) servidores de várias categorias (guarda municipal, saúde, limpeza pública e conservação).  Após o ato, os servidores municipais seguirão em passeata até o Palácio Sérgio Fadel (sede da prefeitura), de onde foram expulsos pelo batalhão de choque da PM.
20 de maio – O governo forma uma comissão de secretários (Fazenda, Administração e Segurança) e propõe ao Comando Unificado dos Servidores Municipais agendamento de novas reuniões para discutir as reivindicações. No dia 25 de maio - condições de trabalho. No dia 27 de maio - Plano de Cargos, Carreiras e Salários. No dia 1º de junho - incorporação dos abonos. No dia 3 de junho (feriado nacional) - reajuste salarial.  E, ainda no dia 8, as propostas serão finalmente fechadas.
21 de maio – Em assembléia, os servidores da Secretaria Municipal de Saúde, ainda em estado de greve,  decidiram pela paralisação da categoria a partir da próxima quarta-feira (26/05/2010). Cerca de 1,2 mil funcionários vão interromper as atividades.  Os funcionários das secretarias de Obras, Trabalho, Assistência Social e Cidadania, Habitação, da Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis e da Guarda Municipal continuam em estado de greve.
24 de maio – O desembargador Luiz Felipe Haddad, atende pedido da prefeitura, que questiona a representatividade legal do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro) junto aos servidores da educação municipal.  Neste mesmo dia, houve o lançamento do Movimento Unificado dos Servidores.  Logo após,  houve assembléia conjunta para eleição de membros da comissão de negociação.
25 de maio – A comissão eleita para negociar em nome dos servidores, respeitando o calendário proposto em 20/05/2010 pelo governo, compareceu a Prefeitura para negociar.  No entanto, assistiram a uma coletiva de imprensa, na qual o Secretário de Fazenda anunciou que o governo municipal não irá negociar com os servidores enquanto membros do Sepe fizerem parte da comissão.
26 de maio – Assembléia da Educação elege nova comissão, desta vez, sem membros do Sepe. Cerca de 2 mil educadores dirigiram-se até Secretaria Municipal de Educação para solicitar audiência de negociação.  A Secretária, Sandra La Cava, exige cópia da ata da assembléia com a eleição dos novos membros, mas tranca-se em seu gabinete e não recebe ninguém.  Sem contraproposta do governo e nenhum sinal de diálogo, a Saúde dá início a Greve.
27 de maio – Ao analisar medida cautelar impetrada pelo Sepe, o desembargador Luiz Felipe Haddad, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, reconhece a legalidade da atuação do Sepe. E, também, convoca uma audiência especial de conciliação, que será realizada no gabinete do desembargador, na próxima terça-feira (2/6) a partir das 13h30m.  Servidores da educação procuram o prefeito no Palácio Sérgio Fadel e, novamente, não são atendidos para iniciar negociação.
28 de maio – Prefeito envia a câmara de vereadores mensagem de reajuste salarial de 3% para os Servidores que ganham mais R$ 510,00 e igualar ao mínimo-nacional os salários inferiores a R$ 510,00.  Os servidores rejeitam a proposta no mesmo dia.
29 de maio – Comandante do 26º batalhão da PM, desmente que secretária de educação tenha ficado em cárcere privado durante ocupação de prédio público, como   denunciou a assessoria de comunicação da prefeitura.
1 de junho – Durante audiência conciliatória com o desembargador Luiz Felipe Haddad, o SEPE foi reconhecido pela Prefeitura como interlocutor legítimo para falar pelos profissionais de educação petropolitanos.  O desembargador sugeriu um período sem greve, de 20 dias para negociações entre servidores e governo municipal.  A primeira reunião de negociação fica agendada para 9 de junho.
2 de junho – Em assembléia, os educadores resolveram acatar a sugestão do desembargador e suspender a greve temporariamente.  Mas, mantêm-se a mobilização e o estado de greve.
9 de junho – Pela primeira vez o Prefeito, Paulo Mustrangi, esteve presente, por alguns momentos, a reunião com os servidores. Durante a reunião, que durou mais de 7 horas, a prefeitura apresentou duas propostas: 1ª - 4% de reajuste e incorporação de um abono para quem ganha menos de R$1.000,00 (proposta que foi prontamente rechaçada pela comissão de servidores) e, 2ª – 5% de reajuste e incorporação de um abono para todos os servidores.  Na mesma data, a proposta do governo foi negada pelos servidores em assembléia.
10 de junho – Servidores fazem nova assembléia para elaborar contraproposta ao governo municipal.  Após avaliação de documentos enviados por diversas equipes de unidades diferentes, chegou a seguinte contraproposta: igualar todos os salários inferiores ao mínimo nacional (R$510,00), incorporação de 2 abonos e 15% de reajuste.
11 de junho – Durante a reunião, o governo disse que a proposta dos servidores é muito onerosa e irá elaborar estudos para avaliar o impacto na folha de pagamento.  Reunidos em assembléia, os servidores perceberam a manobra do governo para delongar as negociações e deliberaram por paralisação de 24 horas no dia 16 de junho, data da próxima reunião.
12 de junho – O prefeito envia uma carta aos servidores solicitando mais um voto de confiança. Reconhece as perdas salariais dos servidores nos últimos anos e compromete-se a apresentar o Plano de Cargos Carreiras e Salários até agosto deste ano.

Parabéns ao servidor pelos 30 dias de luta!

Carta Resposta ao Sr. Prefeito

Petrópolis, 13 de junho de 2010

Prezado Sr. Prefeito Paulo Mustrangi,

Apesar da data sugestiva (12/06) de sua carta (abaixo) aos servidores, a maneira com que nós, servidores municipais, temos sido tratados pelo sr. não tem sido nem um pouco amistosa e gentil. 
Temos demonstrado a maior boa vontade possível, temos sido extremamente pacientes e generosos diante de sua total intransigência com a concessão do direito mais elementar e básico de um trabalhador – o reajuste salarial anual pelo índice da inflação. 
Lembramos que o sr. AINDA não atendeu à nossa reivindicação como menciona na carta. Reivindicamos a incorporação de TRÊS abonos  e o sr. só propôs a incorporação de UM !
Também lembramos que NÃO estamos reivindicando as perdas dos últimos 10 anos, sr. prefeito. Somos servidores públicos municipais, fizemos concurso publico para conseguir nossos postos de trabalho e exercer nossas funções. Eu sei que isto não é privilégio de todos os seus secretários e assessores, mas... Não nos subestime, sabemos ler e fazer contas, pelo menos !!
Os impostos municipais têm sido reajustados anualmente, religiosamente, pelo índice da inflação. Portanto, a receita também, não é sr. prefeito? Assim não há justificativa aritmética para tal.
E sobre a incorporação dos abonos, lembramos que até o desembargador já o advertiu que “ABONO NÃO É SALÁRIO!”. E em sua campanha para a eleição de prefeito o sr. sempre se pronunciou contra os erros e as arbitrariedades de governos anteriores. Um pouco incoerente, em nossa modesta opinião, diante de sua aliança com um ex-prefeito que foi UM dos que ajudou a arrasar com os salários dos servidores e que utilizava a seu bel prazer os recursos do então FUNDEF, lembra sr. prefeito? O sr. era vereador nesta época e falava cobras e lagartos desse prefeito, reivindicava na época o bom uso e a fiscalização mais severa das verbas do FUNDEF, lembra sr. prefeito? Nós NÃO esquecemos e por isso o elegemos, mas pelo jeito será a primeira e última vez...
Sobre a inviabilidade do REAJUSTE, e não aumento salarial, em função dos investimentos necessários nas várias áreas (educação, saúde etc.), infelizmente esse argumento não convence nem mais a população. Há quase 1 ano e meio do início de sua gestão e ninguém percebeu nenhum investimento, mesmo com o reajuste de 0% que o sr. nos concedeu em julho de 2009.
O sr. menciona que o índice de 5% tem sido o reajuste aplicado este ano. O sr. está correto, mas só esqueceu de um pequeno detalhe: este é o reajuste de 2010 para quem teve reajuste em 2009, o que não é o nosso caso. Lembramos mais uma vez: não nos subestime, por favor, muitos de nós somos PROFESSORES e não “seus assessores” (o som é parecido, mas a realidade é bem diferente...)
Nós também não temos visto estes esforços de melhoria das condições de vida da população mencionados em sua carta, ou o sr. se esqueceu que nós, servidores, também fazemos parte da população petropolitana? Que qualidade de vida temos podido dar às nossas famílias sem nenhum mísero reajuste salarial????
Sr. prefeito, atenção, queremos muito o nosso PCCS, mas sabemos também que isto não será resolvido a curto prazo e mesmo depois de aprovado podemos vivenciar o que os servidores do governo estadual sofrem há décadas com seu PCCS, ou seja, os vários governadores NÃO o cumpre e NADA acontece!!  Também queremos lembrá-lo que NÃO queremos o PCCS pronto, queremos participar de sua elaboração! Não esqueça de alertar seus secretários sobre isso! Eles não conhecem como o sr. o que é Gestão Democrática, Construção Coletiva, Orçamento Participativo etc.
Portanto, nós servidores, apesar de exigirmos nosso PCCS, não faremos dele a panacéia do mundo, porque mais uma vez lembramos, não nos subestime, não somos como alguns cargos comissionados em seu governo que nem escrever sabem. Desculpe, mas não dá para notar a ignorância da língua pátria de alguns assessores seus, vide algumas notas durante as negociações...
Terminamos, sr. prefeito, da mesma forma que o sr. , pedimos encarecidamente o cumprimento de suas promessas de campanha. Porque o nosso voto de confiança foi dado nas eleições de outubro de 2008. Ainda temos, apesar de muito frágil, a esperança de que o sr. seja o líder que acreditávamos que fosse e que seria à frente da prefeitura de nossa cidade.  
Solicitamos também que não espere até dia 16/06/2010 (4ª feira) para dar sua resposta favorável às nossas reivindicações para que não precisemos PARAR nosso atendimento à população que o elegeu, como decidimos COLETIVAMENTE e DEMOCRATICAMENTE em assembléia.
Lembra como era ser democrático, decidir coletivamente, votar em assembléia? Lembra o que é  Partido dos Trabalhadores, CUT, Sindicato do Bancários e como o nosso presidente Lula diz sempre: SER REPUBLICANO ????        Desde já, agradecemos sua compreensão.

Respeitosamente,
                                                                           Servidores em Estado de Greve


  
Petrópolis, 12 de junho de 2010.

Amigos servidores,

Na última semana, apesar de todas as dificuldades econômicas enfrentadas por nossa administração, aceitei a reivindicação dos funcionários (como assim?!?!) e anunciei a incorporação de um dos abonos ao salários e a concessão de 5% de reajuste para toda a categoria.

Tenho consciência de que este índice não repõe todas as perdas dos últimos 10 anos (como assim ?!?!), mas definitivamente é o máximo que o orçamento do município comporta e representa uma grande conquista para toda a categoria, posto que a incorporação do abono, reivindicada há vários anos, oferecerá um ganho real aos salários e demais benefícios de todo o funcionalismo, principalmente em relação a triênios, férias, aposentadorias e demais benefícios.

A incorporação do abono, mais o reajuste de 5%,  significará um custo anual de mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos. Propor um índice maior que este significaria inviabilizar qualquer possibilidade de investimentos (quais investimentos ?!?!) nas áreas de saúde, educação, obras, entre tantos outros setores de nosso município, o que prejudicaria toda nossa população.

Quero lembrar, também, que este índice de 5%, na realidade, está dentro do que tem sido oferecido nas prefeituras municipais e empresas privadas de nosso Estado no último ano.

E é por isso, que solicito a todos os servidores, que têm acompanhado de perto os esforços de nosso governo para oferecer mais qualidade de vida à população (como assim ?!?!) e no sentido de colocar Petrópolis, novamente, no rumo do desenvolvimento econômico, apesar da dívida herdada de governos anteriores na ordem de R$ 250 milhões, que reflitam sobre a proposta de reajuste da Prefeitura de Petrópolis.

Tenho certeza que, dentro de nosso compromisso com o município e com o bem público, muito em breve poderemos oferecer aos servidores um índice de reajuste salarial maior que este de 2010. Além disso, por várias vezes anunciei que o PCCS do magistério está praticamente pronto e que o PCCS dos demais servidores começará a ser discutido (será ?!?!) com representantes de todas as categorias a partir do segundo semestre.  .
A implantação do PCCS foi um dos compromissos assumidos no início de meu governo (quem ainda acredita ?!?!) com os servidores públicos e está sendo encaminhado por minha equipe de governo, como o prometido. A falta de informação dentro da própria administração, talvez, tenha criado dúvidas em relação a esse trabalho, mas a apresentação do PCCS do magistério, agora no próximo mês de agosto, certamente, dará mais tranqüilidade a todo o funcionalismo.

Assim como os servidores, tenho a certeza de que somente com a implantação do PCCS será possível consertar todas as distorções em relação aos salários e enquadramentos de todas as categorias de servidores da Prefeitura de Petrópolis.

Mais uma vez, peço seu voto de confiança e me comprometo a não medir esforços nos próximos meses  (desde o dia 13/05 estamos tentando...), para que possamos, finalmente, depois de tantos governos, pôr um fim aos problemas históricos em relação aos salários dentro da máquina administrativa de nosso município.

Um abraço e obrigado pela compreensão de todos,

Paulo Mustrangi
Prefeito
-- 
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
PREFEITURA DE PETRÓPOLIS

O descaso da Educação Petropolitana !

Eu me pergunto todos os dias o porque as pessoas elegem pessoas que não tem a menor competência de dirigir uma  população , do jeito que ela merece !
Eu me vejo numa situação constrangedora , devido ao grande descaso que é tratada a população pelos representantes da Política.
Eles deviam olhar pra si mesmo e pros outros com  pelo menos um pouco de dignidade.
Eu fico muito impressionada com o medo da população de reivindicar seus direitos e  sua cidadania.
Eu me preocupo com qual vai ser o meu futuro , numa cidade em que tudo é tratado com descaso.
Todo dia antes de dormir eu reflito : Como será o Mundo daqui a uns 5 anos , será que o presente dos meus filhos vai ser tão incerto como o meu futuro?
O meu espanto aumenta mais , quando ouço casos na tv , falando sobre anafalbetismo e penso que a minha cidade tem tanto potêncial pra ter pessoas cultas e desperdiça essa oportunidade.
Peço aos representantes do governo  que ouçam com atenção as reivindicações do servidores públicos , para que não prejudiquem mais a População.
Para que a população Diga com orgulho: O FUTURO COMEÇA  AQUI !
Aluna da rede pública municipal de Petrópolis do 8° ano do ensino fundamental (13 anos).