MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

sábado, 5 de junho de 2010

Les Partisans

Sisep I
Quando julho chegar começa a ser discutido o dissídio dos servidores públicos municipais. Até lá, tomara que governo, professores e médicos já tenham se entendido. Os dois setores, nestas negociações, são representados pelo comando unificado de greve, capitaneado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, legitimado pela Justiça, inclusive.


Sisep II

O Sisep, sindicato dos servidores municipais, não quis defender médicos e professores e alega que a greve é política. Partindo deste princípio, as demais categorias dentro do funcionalismo vão querer que o Sisep os represente na discussão do dissídio? Vale lembrar que já foi pedida a intervenção no Sisep.

Tribuna de Petrópolis 05/06/2010

E, por falar em aves, lembrei-me de uma história...

Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.  Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então, decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
- Aguia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...

Leonardo Boff

Pagando o Pato com Bagaço da Laranja

Como é de costume, procuro sempre acompanhar os noticiários da imprensa em geral para estar minimamente informado do que acontece no dia a dia. Especialmente nesses dias, de movimento da educação e da saúde, procuro sempre acompanhar o que está sendo veículado na midia, quando não vejo ao vivo, procuro gravar para ver mais tarde.

Na minha visão, o papel da imprensa deveria ser de informar os fatos e acontecimentos de forma correta e imparcial, não tomando partido de nenhum lado.

Na última quinta feira, 03 de junho, estava ausente e como de costume deixei programado o video para gravar o programa JORNAL DA CIDADE da TV CIDADE IMPERIAL, canal de tv da nossa cidade, distribuído pela empresa de tv a cabo. Logo de cara, ao assistir no dia seguinte, notei que não era a apresentadora de costume, mas a surpresa maior veio no final da matéria sobre o movimento dos servidores, quando a apresentadora nos brindou com as seguintes pérolas:

1 - "Além, é claro, da merenda escolar ESTRAGANDO, enquanto muitas crianças passam até necessidade por falta de alimento em seus lares". 
2 - "Os estudantes pagam o pato, mas quem está comendo a ave, com ou sem laranja, são os professores".

Sou servidor público, concursado, há oito anos, sempre trabalhei na mesma escola e não me lembro dessa senhora, ou outra reporter de qualquer orgão da imprensa, ter ido na escola fazer qualquer matéria sobre a merenda escolar.

Provavelmente essa senhora não assistiu em outro canal aqui da cidade, uma matéria com dois colegas nossos, mostrando a realidade da merenda, inclusive com um vídeo, onde aparecem diversos "bichos" saindo dos pacotes de feijão, sem falar nos legumes e frutas podres.

Na semana que antecedeu a greve, na escola onde trabalho, dava pena de ver as merendeiras tentando fazer de um caixote de peras podres, um lanche minimamente digno para os estudantes. Não, a merenda não está ESTRAGANDO, grande parte dela já chega às escolas
impróprias para o consumo.
 
Eu tenho a mais absoluta certeza, que a grande maioria das escolas da rede municipal só funciona porque funcionários como nós, que fizemos concurso e fomos nomeados para uma função específica desempenhamos várias outras, como marceneiro, eletricista, bombeiro hidráulico, pintor, técnico em informática, e muitas outras pois as nossas escolas não tem qualquer manutenção por parte da prefeitura, e como não existe verba para contratar profissionais para executar esses serviços, somos nós que "quebramos o galho" para que as coisas funcionem. 

O meu salário, minha cara "repórter", não dá para comprar pato com laranja, muito mal, vez por outra, um frango, portanto a nossa categoria, os servidores públicos da educação, principalmente da equipe de apoio, estão sim é comendo O BAGAÇO DA LARANJA.

Clerio Taroco Filho
Inspetor de Disciplina
E. M. Ver. José Fernandes da Silva