MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

sábado, 12 de junho de 2010

Reajuste das passagens de ônibus

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Se o Prefeito for tão duro com as empresas de ônibus, durante a negociação do aumento das passagens, quanto tem sido com os servidores, a população vai ficar feliz!
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Servidores param por 24 horas na quarta-feira


    Não houve acordo entre o Movimento Unificado dos Servidores Municipais e o governo na reunião de negociação, que durou quase três horas, durante a manhã de ontem, no Palácio Koeler. Na próxima quarta-feira, haverá paralisação de 24h dos profissionais da Educação e Saúde, com ato às 15h na Praça da Inconfidência, em seguida passeata pelas ruas do Centro Histórico. No mesmo dia, acontecerá um novo encontro entre o prefeito Paulo Mustrangi e o comando grevista, às 16h, na sede da prefeitura, onde deverá ser apresentada uma contraproposta pelo governo às reivindicações de 15% de reajuste salarial, a partir do piso de R$ 510, incorporação de dois abonos e Planos de Cargos, Carreiras e Salários. Na quinta-feira, ocorrerá assembleia unificada, às 18h, no Clube Petropolitano, na Avenida Roberto Silveira.
      Cerca de 300 servidores votaram pela permanência da suspensão da greve, às 18h de ontem na Praça Visconde de Mauá. De acordo com a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Susana Goutierrez, apesar da reunião não ter sido longa, foi tensa, os pedidos das categorias foram postos à mesa. A principal justificativa do governo para a falta de avanço nas negociações foi a falta de verba, devido à grande dívida deixada pela prefeitura anterior na Comdep. “Se o prefeito está devendo à Comdep, tem dívida com o servidor também, que há dois anos não recebe reajuste salarial. A todo momento nossa paciência foi testada, para que nos exaltássemos e a negociação fosse encerrada, não podemos ceder. Apresentamos a nossa proposta e o secretário de Fazenda, Hélio Volgari, pediu um tempo para que pudessem estudar e apresentar uma contraproposta. Cedemos ao pedido porque está dentro do prazo de 20 dias proposto pelo desembargador”, contou Susana.
      Para a representante da Saúde no comando e presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Rio de Janeiro, Mônica Maia, o prefeito está tentando ganhar tempo e assim desarticular o movimento, mas é preciso agir com responsabilidade e manter o estado de greve. Hoje, a primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite será aplicada normalmente nos 47 Postos de Saúde da Família. Como forma de protesto, os funcionários se vestirão de preto e distribuirão um informativo para a população. “O nosso trabalho envolve a saúde de terceiros, não podemos parar as atividades e deixar o povo sem a vacina. Há anos não tem casos de pólio em Petrópolis, mas se não realizarmos a campanha e algum caso for registrado depois vamos nos sentir responsáveis. Por isso manteremos a organização e cumpriremos a nossa obrigação”, falou Mônica Maia.
      Na próxima segunda-feira, haverá um raio-X da Saúde, das 15h às 18h, na Praça Dom Pedro, em ato organizado pelo Movimento Unificado junto às associações de moradores e entidades da sociedade civil, com o objetivo de colher depoimentos da população acerca dos serviços públicos de Saúde prestados aos moradores. “A ideia é que todos falem, opinem, contem como está o seu atendimento e da sua família na saúde, relatando as dificuldades e apresentando sugestões. Queremos que a sociedade discuta a política pública para a Saúde, as suas verbas e contratos. Deste ato sairá um relatório e cada depoimento, cada situação levantada será levada à secretária de Saúde, Aparecida Barbosa, e para o prefeito”, contou Ester Mendonça, membro no movimento.
      As atividades continuam normais nas escolas, postos, centros e ambulatórios municipais durante a semana. Haverá paralisação dos servidores da Educação e Saúde apenas na quarta-feira. “É importante nos mantermos articulados e sem divisão dentro das categorias, para mostrarmos ao prefeito a força do movimento. É com atos públicos que estamos conseguindo ganhar a luta e apoio do povo, por isso vamos parar na quarta, como forma de pressionar o governo”, afirmou o diretor do Sepe, Jorge Cézar Gomes.
MARIANNY MESQUITA
Redação Tribuna de Petrópolis 12/6/2010

Vereadores querem abrir outras CPIM’s


O presidente da Câmara, vereador Bernardo Rossi (PMDB), durante a discussão sobre a abertura da CPIM do Sehac, afirmou que ela tem que ir até o fim, apurando todos os problemas, tanto no governo passado como na atual administração municipal. “A CPIM será instalada como determina o regimento interno e vou cobrar a conclusão dos trabalhos, independente de quem seja o responsável”.
Aproveitando a discussão, os vereadores Osvaldo do Vale (Vadinho/PSB) e Jorginho do Banerj (PSB) cobraram a abertura de outras CPIM’s, como da Águas do Imperador, da Saúde e do antigo prédio da Faculdade de Medicina de Petrópolis, localizado na Estrada da Saudade. Para Vadinho, a Câmara poderia instalar as três e dividir o trabalho entre os 15 vereadores. Esta discussão acabou criando uma polêmica entre eles, pois ficaram se acusando, afirmando que alguns vereadores não assinavam algumas CPIM’s. As duas comissões desejadas pelos vereadores são Águas do Imperador e Saúde. Segundo um vereador, que pediu para não ser identificado, a CPIM da Águas do Imperador não é do interesse do governo municipal, pois atingiria um dos principais aliados do prefeito Paulo Mustrangi, o deputado federal Leandro Sampaio.
A instalação da CPIM da Saúde, para apurar irregularidades e os problemas da área desde 2001 até a atual gestão, está aguardando a conclusão dos trabalhos da Comissão Especial de Saúde da Câmara, que nas últimas semanas vem levantando os problemas do setor. O presidente da Comissão, vereador Marcio Vieira Muniz (PSC), disse que os trabalhos serão concluídos nos próximos dias.
Além destas CPIMs, algumas caíram no esquecimento dos vereadores. Uma delas foi a que investigaria o valor real da dívida da Prefeitura, pois durante o ano de 2009 o prefeito Paulo Mustrangi dizia que o valor era R$ 228 milhões e o ex-prefeito Rubens Bomtempo afirmava que o valor era bem menor. Esta comissão foi proposta pela Comissão Especial, instalada no ano passado para levantar os número da dívida e acabou por concluir os trabalhos indicando a instalação da CPIM. 

Tribuna de Petrópolis 12/6/2010

Eleição para diretor de escola pública já


A greve na educação em Petrópolis que durou longos 21 dias , serviu pra muita coisa : pra mostrar o quadro de insatisfação da classe e suas realidades , deficiência das escolas , trazer a sociedade petropolitana para o debate e também para fomentar varias questões relevantes .Questões que de agora em diante não poderão mais passar desapercebidas das rodas de conversa dos profissionais da educação e tampouco fugir da discussão e do embate.

Refiro-me à questão da eleição para diretor da escola publica .Questão que surgiu e ganhou força durante a manifestação. Muitos profissionais atentaram para o fato da falta de dialogo e repasse de informações além do trato nas relações interpessoais no dia-dia do convívio escolar, que em muitas ocasiões não são tão bons assim. Ter cargo de confiança e ganhar uma gratificação mensal que pode chegar a até 200% pode ter gerado esses conflitos e afastamentos deixando órfãos e à deriva vários desses profissionais.

O que nos perguntamos agora é : Quem estabeleceu essa confiança? Por que muitas diretoras perpetuam-se no cargo por mais de 20 anos? Alguém pode nos responder? Será que elas concordam com tudo? Aceitam tudo? Para muitas delas: Está tudo bem!! Claro!!

A escola , assim como a vida passa por uma dinâmica, por uma energia, por constantes mudanças. E isso todos os dias ! Então, é bem difícil entender esse poder imutável estabelecido há anos.

Ora, a instituição escolar deveria ser o lugar da Democracia e seus valores, espaço para a cidadania qualificada e plena. Onde nosso alunos desde bem pequenos aprendem sobre a República, direitos e deveres e a escolha de nossos representantes através do voto …

Mas, por aqui não é bem assim que vem acontecendo. E vivemos um total paradoxo. Claro, há algumas exceções, diretoras que deram a vida à pequeninas escolas de bairro. Que com dedicação e amor pela educação, conseguiram levar o nome de nossa cidade a lugar de destaque no Cenário Nacional, ganhando notórios prêmios. Podemos citar alguns casos, como da diretora Sandra Reis, da Escola Battailard. Ganhou o Prêmio Qualidade Rio, desenvolve diversos projetos, agrega parceiros, recebe a comunidade, porque entende que é assim que se estabelece a verdadeira gestão, em sua dimensão participativa. Vincular o projeto político como mediador das ações educacionais, saber gerir recursos humanos e administrativos, além de cuidar do principal: A APRENDIZAGEM DO ALUNO, constituem os três principais alicerces da boa gestão. Além de competência técnica...

Portanto, bravos profissionais, continuemos discutindo essas idéias, não as deixemos cristalizadas lá nas manifestações de maio. Que elas sirvam para darmos autoria aos nossos pensamentos e práticas e que juntos ousemos possibilidades de transformação da realidade. 

Continuemos levando nossos alunos à reflexão sobre os conceitos de democracia, autonomia e cidadania. Busquemos juntos com a sociedade petropolitana, que foi a verdadeira companheira, parceira fiel das lutas de maio, uma escola com mais qualidade, democrática e inclusiva. 

Leonara Rocha Faria
Professora

Veremos nossa Petrópolis parar?


A atual situação em relação à educação e saúde de Petrópolis, me fez lembrar, como educadora, mãe de aluno de escola pública, petropolitana, mas principalmente como cidadã, em composições de dois brasileiros que tão bem já representaram através de suas ideias, questionamentos sobre o nosso cotidiano. Raul Seixas havia pensado sobre o dia em que o sistema para por não haver mais razões ao seu caminhar, e Paulo Freire descreveu a escola como ela realmente é.
 
Acompanhando as questões dos servidores como dos representantes do governo municipal, que justificam suas atitudes perante a movimentação de greve, não venho defender nenhum dos dois, mas coloco-me a pensar sobre a fragilidade na qual estamos inseridos vivendo globalizados mas enfrentando já há mais de 10 dias as mudanças ocorridas por conta do que se chama cidadania.
 
Todos nós, cidadãos, apreendemos na escola os conceitos necessários sobre relações de espécies e como seres humanos, animais racionais, que somos, entendemos através dos nossos professores, que num sistema, um depende do outro e na hora em que um falta, o outro é prejudicado.
 
Por isso, reflito sobre o dia em que Petrópolis parou, pode vir a parar ou vai mesmo parar.
 
A cidade teria feito parte de um dos sonhos de Raul Seixas e Cláudio Roberto, em 1977, quando escreveram a música “O dia em que a terra parou”?:
 
“Essa noite eu tive um sonho de sonhador/ Maluco que sou, eu sonhei com o dia em que a terra parou/ O aluno não saiu para estudar./ Pois, sabia, o professor também não tava lá.
E o professor não saiu para lecionar/ Pois sabia que não tinha mais nada para ensinar”.
 
Em relação à educação: quantas pessoas não estão saindo? Principalmente as crianças, não estão saindo da frente da televisão, ou de suas camas, ou de suas casas, pois estão sabendo que não tem porque ir. Ir pra onde? Ir pra escola que serve para muitos como porto seguro contra as questões difíceis do dia-a-dia, está sendo em Petrópolis, uma atividade difícil. Pessoas envolvidas que caminham junto ao calendário escolar, também estão parando, como o caso de comerciantes do trajeto escola-casa continuam saindo mas os produtos que vendem não saem com a mesma intensidade sem o movimento das crianças; além também dos motoristas de transporte escolar, que rodam mas não tem a mesma rotina; e assim, todos...
 
Mas, o que mais interessa nesse momento é como na música em que o “sonhador” disse que o professor não tinha mais nada para ensinar. As crianças estão dispostas a estudar, pois a escola é a referencia, mas o que se ensina? Ensinar sobre direitos e deveres a uma criança que vê a sua merenda na escola sendo preparada pelo profissional que tem como obrigação trabalhar o tempo que lhe foi determinado em contrato mas que recebe por isso menos do que lhe garante a lei como direito? O que ensinar na escola? Ensinamos, como educadores, as nossas crianças que elas devem respeitar o outro, tratando-lhe com educação e tendo atitudes que considerem as suas questões como válidas, mas na hora em que é necessário ouvir há o exemplo de omissão e total descomprometimento com as causas que incluem pessoas, suas famílias e todos que direta ou indiretamente estão envolvidos no salário recebido no fim de cada mês.
 
Em relação a saúde, para onde ir? / “E o paciente não saiu pra se tratar / pois sabia que o doutor também não tava lá. E o doutor não saiu pra medicar / Pois sabia que não tinha mais doença pra curar”.
 
Sair e ir sem ter como certeza de que se chegar ao posto de pronto socorro terá como direito garantido o atendimento que lhe é necessário. É assim que se ensina: mesmo que as crianças petropolitanas não estejam em horário escolar, a vivencia é aquela que mais ensina, cidadãos não estão vendo o direito de seus afins garantidos. Um afim que também pode ser o doutor que deveria estar curando as doenças mas que não saiu porque não se sente motivado a deslocar sua energia desenvolvendo trabalho em cima dos conhecimentos que construiu em sala de aula com os professores responsáveis por essa função. E todos somos envolvidos. 

Onde a cidade vai parar?  Quais são nossos direitos e deveres?
 
Temos o direito de manifestação das nossas ideias desde que elas não desrespeitem o espaço do outro, mas temos o dever de respeitar o nosso espaço e ver nossos direitos garantidos para que possamos viver com dignidade ensinando aos nossos dependentes, que só podem ser as crianças, aqueles que estarão em épocas futuras exercendo suas atividades com os exemplos que estão vendo agora, como se vive a cidadania.
 
Mas qual é o direito de uma criança e qual é o dever de uma escola? A escola como instituição tem seus deveres que devem ser exercidos desde que aqueles que lhe conduzem tenham os seus direitos garantidos e assim, muito bem escreveu Paulo Freire: “A Escola é... o lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos ... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém; nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se “amarrar nela”! Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.”
 
Sendo assim: educar-se na escola! Obter conhecimento na escola! Crescer na escola! Ser formado na verdadeira cidadania. O que será que Paulo Freire estaria pensando num momento desse na cidade de Petrópolis? E o que estão nossas crianças pensando? Raul Seixas terminou a música cantando que no dia em que a terra parou, ele acordou, não sonhou... Que acordamos todos ao pensar, antes que a nossa cidade pare, o que é ser aluno, o que é ser escola, o que é ser educador, o que é ser representante, o que é ser principalmente Cidadão. 

Gabriela P. B. Fernandes
Professora

Pronunciamento do Chico Alencar (PSOL/RJ) na Câmara dos Deputados em Brasília

Pronunciamento
(Do Senhor Deputado Chico Alencar, PSOL/RJ)

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados e todo(a)s o(a)s que assistem a esta sessão ou nela trabalham:
            Há situações locais que merecem destaque nacional, pelo que contém de positivo ou de negativo. O que relato a seguir tem, infelizmente, muitas negatividades.  Desde o dia 13 de maio, os profissionais de educação do município de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, estão em greve. No dia 21 de maio foi a vez dos profissionais da saúde decidirem pela paralisação, que se estendeu para outras categorias do serviço público municipal. A luta é por plano de cargos e salários e reajuste de 20%, pois, atualmente, os vencimentos só chegam a um valor pouco acima do salário mínimo graças a abonos, ainda não incorporados aos salários.  Situação limite, enfrentada, após muitas tentativas de interlocução com o governo, com o recurso extremo da greve.
            Em outros tempos seria surpreendente um prefeito petista, e ainda mais ex-sindicalista, se negar a negociar com grevistas. Essa tem sido a lamentável opção do Prefeito Paulo Mustrangi (PT), que já buscou no Judiciário a ilegalidade do movimento,  contestou a representação sindical e, negando sua própria história de vida, foge do bom diálogo democrático.  
            Sua proposta de elevar em 3% os vencimentos –  em 2009 o reajuste foi zero – não condiz com  a valorização do serviço público e com a melhoria do atendimento para a população.  
            Os servidores municipais estão dando, e aí há um elemento positivo, um belo exemplo para os trabalhadores do estado do Rio de Janeiro, e também do Brasil, de como se deve lutar pela melhoria das condições de trabalho: saindo às ruas em grandes marchas, recolhendo abaixo-assinados, e pressionando o Poder Público. Exemplo de cidadania e de ação coletiva e solidária.
            Que o prefeito Mustrangi, fiel à sua história pregressa, ouça esse clamor combativo, retome as negociações e apresente uma proposta concreta de atendimento do justo pleito dos servidores municipais da Cidade Imperial, que tanto precisa de um governo republicano. 

Agradeço a atenção,                                                        
                               Sala das Sessões, 09 de junho de 2010.

Chico Alencar
Deputado Federal, PSOL/RJ