Simplesmente incrível a imagem de pessoas que poderiam até ser estudantes e pais de alunos da rede municipal, na tarde de quinta-feira, dia 24 de junho de 2010, em protesto contra a greve dos servidores da educação e da saúde.
Com a preocupação de dar números aos fatos, cerca de 16 pessoas munidas de três faixas muito bem confeccionadas, um carro de som potente e bem equalizado, por volta das 15:00 ao redor da Praça Visconde de Mauá, puseram-se a fortes brados manifestar seu descontentamento com o atual momento em que a cidade de Petrópolis vive - desde o dia 13 de maio -, com a greve dos servidores da educação e da saúde.
Proclamando-se pais preocupados com essa situação, três “mães de alunos da rede municipal” expressaram em bom tom suas preocupações. Alguns de suas manifestações foram:
- Não estamos aqui contra os professores, mas a favor de nossas crianças, que são o futuro do nosso país.
- Nós sabemos que o Prefeito já ofereceu tudo o que podia oferecer, por isso vimos pedir que os professores acabem com a greve.
- Caso os professores retornem, nós temos o comprometimento de lutar junto com eles para melhorar a qualidade da educação em Petrópolis.
- Onde estão os vereadores? São eles que devem nos proteger, pois nós pagamos os seus salários com os impostos que pagamos.
- Queremos deixar bem claro uma coisa: não estamos aqui contra o Prefeito.
- Onde está a Secretária de Educação, por que ela não vem nos dar satisfações de quando essa situação vai terminar?? Dona Sandra La Cava, a senhora que não recebe ninguém, mostra a sua cara! Apareça!
- Professores, vocês têm que retornar as aulas, pois nossas crianças sem aulas são alvos dos traficantes.
- Estão dizendo que isso aqui é um movimento político igual aos dos professores, pois eles sim estão fazendo politicagem.
- Algumas pessoas estão rindo da gente do outro lado da praça... estão dizendo que a gente não é um ser pensante, que só tem ignorante aqui. Nós somos inteligentes sim!
Ainda falaram um professor “graduado e pós-graduado” que não acredita na greve como um instrumento da vida democrática e um estudante representando uma entidade estudantil que, em seu discurso, não era contra, nem a favor, muito pelo contrário. Esses dois tiveram seus nomes citados em praça pública, antes de, um pouco constrangidos, expressassem suas ideias ao microfone.
O ato foi encerrado com os agradecimentos aos presentes e aos que apoiaram a manifestação e com a reafirmação: “Não estamos aqui contra o Prefeito, queremos deixar isso bem claro”.
As três “mães” que se revezavam no microfone justificaram que tinham de ir embora porque eram mães e tinham crianças em casa, além do que o ônibus que os trouxera para a manifestação já estava no outro lado da rua a espera do regresso de todos.
E lá estava um ônibus da empresa Cidade das Hortências, na cor laranja, parado, a espera que as quase 16 pessoas entrassem no veículo e partissem. Isso ocorreu por volta da 16:10.
Sem tecer comentários. Cabe-nos algumas questões:
1- Qual o real objetivo dessas quase 16 pessoas?
2- Como um grupo diminuto como esse conseguiu confeccionar três faixas plásticas com bom acabamento?
3- Como pessoas que ganham salário mínimo (alardearam várias vezes), conseguiram um carro de som?
4- Como esse grupo de quase 16 pessoas conseguiu um ônibus para trazer e levar todos a seus destinos?
5- Por que a necessidade de afirmar e reafirmar que não estavam contra o Prefeito?
6- Se não estavam contra o Prefeito, por que o tratamento pouco cordial com a senhora Sandra La Cava? Afinal a mulher é Secretária de Educação nomeada pelo Prefeito.
7- E finalmente, se a greve é dos servidores da educação e da saúde, por que essas quase 16 pessoas pediram apenas que os professores retornassem à aulas?? O postos de saúde podem ficar parados? Os trabalhadores da saúde podem continuar em greve?
Será que há respostas convincentes para essas questões? Se existem, podemos considerar Petrópolis uma das cidades mais democráticas do Brasil. Pois um grupo de quase 16 pessoas, onde somente oito pareciam trabalhadores, com o dinheiro do próprio bolso conseguiram fazer uma micro-manifestação que contou com faixas, carro de som e transporte, em apoio a um prefeito, contra uma Secretária de Educação, contra todos os vereadores e que só quer uma coisa: livrar as crianças dos traficantes, pois sem aulas elas cairão nas mãos desses meliantes.