MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quando uma Autoridade Policial Visita a Escola...


Algo mais sobre limites

Maria de Lourdes Machado Rezende

Há pessoas que acham que para a criança crescer sem complexos, ela deve fazer tudo o que tem vontade, e não colocam para ela os limites estabelecidos pelas regras da boa educação, comportamento e até de vergonha na cara; e elas passam a não ter gentileza com ninguém. Elas não se importam com a ética; falam nomes feios em qualquer lugar, não estão nem aí para ninguém. Para elas não existe nem o bem, nem o mal, por isso elas têm uma conduta má. Não dão lugar a um idoso nas conduções, e são criadas do modo atual que é o seguinte: “Está bom para mim, que se dane você”. Estamos no meio dessa criação de “egoístas” e somos obrigados a conviver com ela.
Então perguntamos: “por que?”. É porque ainda não foram transmitidos a elas, “as crianças”, os ensinamentos de Jesus quando disse: “Portanto tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles”. E até muitos adultos, se ouviram, não prestaram atenção nesse versículo maravilhoso!
E a mocidade? Também anda fora dos limites. Não digo que toda, pois uma parte dela é criada aprendendo e colocando em prática o evangelho de Jesus. Há porém uma grande parte, vivendo uma vida desenfreada, completamente fora dos limites, e quando, às vezes, chegam aos tais, é tarde demais.
Hoje, vi na televisão coisas horríveis; meninas, de doze anos, grávidas; meninos ganhando um dinheirinho, e alguém perguntando o que ia fazer com ele, e o menino disse que ia comprar drogas. Vejam para onde está caminhando a humanidade...! Que tristeza...!
Procuremos passar para as crianças e os jovens que tudo na vida tem um limite e que tudo o que excede é prejudicial: choro e ranger de dentes – um verdadeiro inverno.
Que possamos viver sem ultrapassar os limites porque só assim não teremos do que nos envergonhar. Não teremos remorso de nada.
Mães, por favor, ajudem e eduquem seus filhos nos parâmetros, pois só assim eles andarão sempre dentro dos limites. Deus os ajude, pais!
Deus os ajude, professores!
Deus os ajude, educadores! Amém.

Desvio de recursos na educação

Nada menos de 21 estados brasileiros deixaram de aplicar R$ 1,2 bilhão de reais no ensino básico, em 2009. A acusação é do Ministério da Educação. Esses recursos não foram repassados ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Foram desviados para outras atividades, possivelmente menos prioritárias.
Não é pouco dinheiro: no Rio foram 28 milhões, mas em São Paulo a irregularidade foi superior a 600 milhões. Se isso acontece e é denunciado publicamente, pode-se inferir que a perda é da própria educação, no seu conjunto. Devemos louvar o esforço do Ministro Fernando Haddad. Ao falar no “Seminário Internacional de Avaliação de Professores da Educação Básica”, no Rio de Janeiro, foi bastante enfático na defesa da cultura da avaliação, de que andamos divorciados por tanto tempo. Mostrou que o Ideb representa um avanço considerável, com a radiografia, hoje, de 50 mil escolas e mostrou, sob aplausos, que “Não há boa educação sem professores altamente qualificados.” É claro que isso também envolve salários compatíveis com os de outras profissões. Por essa razão, o MEC criou, de forma inteligente, as Bolsas de Iniciação Docente, que este ano chegarão ao número de 20 mil. É uma reação que não pode passar despercebida.
As políticas públicas devem ser transparentes, para que sejam apoiadas de forma total, numa representação do que chamamos de vontade política de corrigir os rumos do setor que, atavicamente, sempre recebeu críticas, desde os primórdios do Brasil. Quando foi candidato à presidência da República, no início do século passado, Ruy Barbosa já reclamava do elevado número de analfabetos existentes.
Estratégias, táticas e ações, que configurem o planejamento a médio e longo prazos, requerem mudanças que ainda estão longe de acontecer. Quando citamos desenvolvimento de competência, gestão integrada ou gestão corporativa, para o devido compartilhamento de tarefas, na discutida relação ensino-aprendizagem, parece que atraímos expressões de outro planeta. É natural que o resultado desse atraso secular seja a reduzida satisfação de alunos e professores, comprometendo a necessária fidelização dos mesmos às escolas em que atuam. Vestir a camisa passou a ser expressão somente do futebol (estamos em época de Copa do Mundo), mas deve valer também para o mundo da educação, com vistas aos seus resultados. A má qualidade da educação pública opera a favor da condenável desigualdade social.


Arnaldo Niskier
Da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/RJ.