MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O câncer do descontinuismo político


       Todos os seres do Universo estão subordinados a uma lei natural que está presente em nossas vidas desde a sua origem: a lei da Evolução. Não me refiro simplesmente à evolução no sentido Darwiniano – a Seleção Natural -, onde o “mais forte” sobrevive e o “mais fraco” desaparece. Refiro-me à evolução nos processos democráticos, estilos de vida, igualdade social sem preconceitos de quaisquer ordens, nas relações humanas e, sobretudo no bem-estar da Humanidade. A figura do político, hoje desgastada por inúmeras denúncias de corrupção, requer uma análise bem mais profunda e consistente da nossa parte, eleitores e cidadãos. É absolutamente inconcebível que as rivalidades políticas (que muitas vezes se tornam pessoais) se sobreponham ao bem comum, isto é, aos interesses reais de desenvolvimento da sociedade. A falta de maturidade e o excesso de amadorismo político são as principais causas desse mal. O grande problema é que, nessa briga pela vaidade ferida muitos políticos proliferam um grande câncer na sociedade: o descontinuismo político. Tomemos como exemplo a situação dos profissionais do magistério municipal de Petrópolis. Há três anos, as cozinheiras das escolas municipais participavam de cursos de capacitação, onde se aperfeiçoavam a cada dia, além de se sentirem mais motivadas e valorizadas profissionalmente. O que não entendo é o porquê da descontinuidade destes cursos! Não dá para acreditar que, por rivalidade política (ou rivalidade pessoal) o atual prefeito se nega a dar continuidade em algo inegavelmente produtivo e positivo. Não importa se foi no governo passado. Se foi produtivo deveria ter continuado. Por que parou?

       Segundo Giddens (GIDDENS, A. Para Além da Esquerda e da Direita. São Paulo: UNESP, 1995. 286p.), a sociedade contemporânea é marcada pela incerteza artificial, mas também por uma intensificação da reflexividade social que permite que se elaborem políticas mais participativas fundamentadas no reconhecimento da autonomia dos agentes, na geração de confiança ativa entre eles, na recuperação de solidariedades sociais e na expansão da democracia dialógica a qual pressupõe a descentralização política e a expansão dos fluxos de informação. Na reconstrução das solidariedades sociais, esta só pode se desenvolver se considerarmos o novo contexto de sociedade reflexiva onde os indivíduos são munidos de informações que devem ser confrontadas e constantemente reavaliadas num processo marcado pelo diálogo, porém sem ferir a autonomia individual.

       Portanto, quando em um município se consolida uma greve (que é um direito garantido pela Constituição Federal desde 1988), trata-se de um reflexo, uma consequência e não de um ato isolado, pontual. Acredito que as maiores falhas de um líder são: a falta de diálogo e a insensibilidade, o que demonstra insegurança em governar. Não é propondo “Prefeituras itinerantes de fachada” que se dialoga com a população, mas é visitando, ouvindo in loco as reais situações, anseios e pretensões da população. É andando de ônibus lotado que leva duas horas para ir de Itaipava ao Quitandinha (isso, quando não quebra pelo caminho). É indo às Unidades Básicas de Saúde e verificando que não existem médicos suficientes para atender a um filho doente. É visitando uma Escola Municipal e comendo a mesma merenda oferecida aos alunos. Isto é governar. É vivenciar, sentir e entender que os anseios da população são legítimos e não um luxo. E, a partir destes relatos, inquietações e anseios, se comprometer verdadeiramente, cumprindo os prazos sem demagogias, sem vaidades, mas com maturidade e honra como deve ser todo representante legítimo de um povo.

Ricardo Francisco Xavier
Educador

2 comentários:

  1. ....Por falar em continuidade de um ou de outros fico a imaginar, se não se consegue ao menos cumprir com que se promete e se compromete, ainda devemos continuar com esses mesmos demagogos? Continuar acreditando que surgira destes algo bom e de novo?. Não sei se isso seria hipocresia, acredito que devemos mudar, qualquer mudança nos traz novas experiencias, o novo sempre é o futuro é por isso que mudamos para termos futuro, não é sempre que acertamos e quando erramos somos punidos de alguma forma, porque existe alguns que acham que estão acima de qualquer coisa?. Será que é porque não tomamos atitudes! falamos belas palavras, formulamos belas frases. Quando vamos mais fundo nas ações?

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  2. EXCELENTE TEXTO! EXCELENTE ARTIGO...ARTIGO ESCRITO COM CATEGORIA E INTELIGENCIA... CLARO, OBJETIVO. PARABÉNS!!

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