MANIFESTO DA EDUCAÇÃO:


Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

terça-feira, 19 de abril de 2011

Petrópolis, a cidade das contradições

Petrópolis é uma cidade cheia de contradições. Ela parece ser habitada por uma infinidade de diferenças, como toda metrópole. Nela se destacam, porém, as diferenças sociais, pautadas principalmente no poder econômico. Curiosamente essa distinção não é tão percebida no âmbito do comportamento ante a coisa pública.
É na crescente privatização do espaço público que vejo uma homogeneização dos petropolitanos de todas as camadas sociais. É também nesse território que suponho que deva ser trilhado o caminho para alcançarmos, no futuro, condições melhores do que as enfrentadas hoje.
A precarização crescente dos nossos serviços públicos retrata bem essa super valorização do âmbito privado. Uma cidade que quer crescer e dar condições de vida digna a sua população não pode privilegiar os interesses privados, antes que o público.
A força das ações individuais não pode se sobrepor aos interesses mais coletivos. Isso, no entanto, tem formado parte do nosso cotidiano em diferentes setores da nossa cidade e termina por ser naturalizado como um fenômeno de toda metrópole. No trânsito, na saúde, na educação. Tudo aponta pelo rechaço ao público e ao endeusamento do privado. A disseminação da prestação de serviços públicos como algo ineficiente, não é mentirosa, mas é perversamente reforçada.
Essa compreensão difundida em larga escala na esfera política penetra de forma clara nas relações sociais cotidianas. Cada vez mais vemos os petropolitanos assumirem comportamentos personalistas no trato da coisa pública. Estacionamento em locais proibidos, furar filas, em diversas situações, até mesmo no atendimento da saúde, atirar objetos pela janela dos veículos, ouvir música na altura que lhe convém.
Cotidianamente os laços sociais vão se esgarçando e fazendo da convivência coletiva algo difícil de suportar. A diferença passa a incomodar. Analisada de fora, entretanto, a distinção não está no comportamento, mas em elementos que retomam, sobretudo, valores mais externos da observação do outro – signos de consumo, condição social aparente, dentre outros.
O comportamento, no entanto, é cada vez mais semelhante. O menosprezo pelo público e pelo coletivo é algo que ameaça a própria cidade, mas advém de qualquer setor ou classe social.
Petrópolis deve investir cada vez mais na criação de um modelo de organização pública com respeito às diferenças individuais e grupais, mas sem privilégios. Sem isso corremos o risco de chegar aos 200 anos como um aglomerado humano em detrimento de sermos uma cidade.

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Angela Alcantara
Jornalista

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