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Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire

domingo, 16 de maio de 2010

A intransigência marcou o segundo dia de greve


Mustrangi sobe o tom, diz que greve é “covarde” e não aceita negociar com professores
by Philippe Fernandes on 15/05/2010

A intransigência marcou o segundo dia de greve dos professores em Petrópolis. O prefeito Paulo Mustrangi (PT) afirmou, no Carangola, que a Prefeitura não reconhece a greve. Informa a matéria de Janaína do Carmo, da Tribuna de Petrópolis:

Em assembleia realizada na tarde de ontem, em plena Praça Visconde de Mauá (em frente à Câmara Municipal), dois mil profissionais da área da Educação decidiram pela greve por tempo indeterminado. A assembleia aconteceu após a reunião entre uma comissão da Educação, representantes do governo e a secretária de Educação, Sandra La Cava, no prédio do Centro de Capacitação em Educação Frei Memória. O encontro foi marcado na quinta-feira, quando os profissionais decidiram pelo estado de greve. A esperança dos manifestantes era de que o governo apresentasse uma contraproposta em relação às 20 reivindicações entregues pelos profissionais, entre elas o aumento de 20% no salário e cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras. Segundo a assessora de imprensa da Prefeitura Municipal, Andréia Constâncio, em nenhum momento o governo se recusou a negociar, apenas propôs que as aulas fossem retomadas a partir de segunda-feira. “Precisamos que a situação se normalize para então começarmos a discutir o assunto. A proposta era realizar uma nova reunião na segunda e outra na quinta-feira, quando todas as reivindicações seriam estudadas, mas precisamos que a greve acabe primeiro”, disse.
O governo entrará na Justiça contra a paralisação, por considerar o ato ilegal. “Não reconhecemos a greve. Eles foram radicais e assim impossibilita qualquer tentativa de negociação”, comentou Andréia. De acordo com a assessora, a categoria deveria ter comunicado com 48 horas de antecedência a primeira paralisação. Para o diretor do Sepe, o movimento é legal e a PMP foi comunicada da situação. “Entregamos um ofício à prefeitura e realizamos uma reunião com a categoria, quando ficou decidida a primeira manifestação. Tudo foi comunicado ao governo, eles não podem alegar que não sabiam”, contou Gualberto.

E qual a justificativa de Mustrangi para a greve? Ter servidores recebendo menos que o salário mínimo? A secretária, no ano passado, não ter recebido os professores? Não. Segundo Mustrangi, muitos que estavam na manifestação eram “ligados ao ex-prefeito” (Bomtempo, obviamente). Diz a reportagem de Jaqueline Ribeiro, também na Tribuna, que cobriu a entrevista coletiva. Seguem as declarações do prefeito:

“Eles não nos deram chance de dialogar, partiram logo para o confronto, não deram à Prefeitura a oportunidade de se manifestar. Em nenhum momento fomos procurados pelos líderes desse movimento para discutir a pauta de reivindicações”.

“Sob o ponto de vista legal, essa greve é questionável, porque os trâmites necessários antes de uma greve, pelo que sabemos, não foram respeitados. Por isso estamos entrando na Justiça para questionar a legalidade da greve. Como sindicalista, eu reconheço que a categoria tem todo o direito de se manifestar, essa é uma atitude legítima, as pessoas tem direito à greve, mas isso pressupõe que antes tenha havido uma negociação exaustiva, o que não aconteceu neste caso, pois os líderes desse movimento não conversaram com a Prefeitura. É um movimento estreito, político e radical, em que profissionais de boa fé estão sendo envolvidos e usados”.

“Isso é uma falta de compromisso com a população, pois os maiores prejudicados são as famílias que têm suas crianças nas escolas e muitas vezes dependem do funcionamento delas para trabalhar. Muitas crianças dependem da alimentação da escola. Respeitamos os profissionais, mas esse está sendo um movimento covarde com a população, que depende desse serviço”.

O grande problema do posicionamento do prefeito é que não questionam os motivos da greve – os baixos salários e falta de aumento (que não ocorre há três anos). E, como não rebateu os motivos da greve, pressupõe-se que eles têm sentido. Que as reinvidicações são justas. Diz que o movimento é político, que há muitas pessoas ligadas a Bomtempo, mas, ao que me parece, tenta desviar o foco pelas falhas da própria Prefeitura - como a secretária de educação não ter recebido os profissionais da educação, no ano passado. O ambiente criado foi hostil, e Mustrangi, ao invés de tentar o diálogo e o reestabelecimento dos serviços, joga gasolina no incêndio.

Enfim, o que se espera da população é que Mustrangi acerte os ponteiros e que os alunos não tenham essas férias forçadass.

http://phfernandes.wordpress.com/2010/05/15/mustrangi-sobe-o-tom-diz-que-greve-e-covarde-e-nao-aceita-negociar-com-professores/

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